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quinta-feira, 26 de junho de 2014

A experiência das palavras bonitas

Tenho a sorte de poder ensinar aulas de yoga também a crianças. Eles têm à volta dos 8 anos e são crianças incriveis. Bem dispostos, interessados, sempre prontos a partilhar os seus desafios e a ajudarem-se uns aos outros. Uma verdadeira inspiração.

Este ano decidimos fazer uma experiência em conjunto. Entender o efeito das palavras de amor vs as de ódio ou indiferença.

Preparámos dois frascos com arroz cozido e água.

Num dos frascos escolhemos palavras e frases bonitas para escrever e dizer ao arroz. No outro frasco decidimos escrever palavras feias ou simplesmente ignorá-lo.

O frasco do amor tinha frases como:

- Ficas bem com feijão
- És lindo
- Adoro-te

O frasco do ódio tinha frases como:

- Odeio-te
- Cheiras mal


Todas as semanas em conjunto fomos repetindo as frases e dando a nossa atenção ao frasco do amor, enquanto o outro foi repetidamente ignorado. Nos dias que os meninos não estavam, todos os que passavam na casa da árvore foram convidados a fazer o mesmo, tarefa que foi cumprida diariamente.



Aqui estão as observações dos meninos:

- O frasco do amor cheira menos mal que o do ódio (acreditem que passados 3 meses cheiravam os dois mal, mas realmente o do ódio nem dava para estar perto)
- O frasco do amor estava com os bagos mais inteiros, embora o outro quase não fosse pegado nem tocado.
- O frasco do amor tinha menos bolor

Agora, ainda acreditam que as palavras que dizem não têm efeito no desenvolvimento das pessoas, ou plantas, ou até mesmo na comida à vossa volta?


Namasté

https://www.facebook.com/yogaMafaldasousa

https://www.facebook.com/acasadaarvore


terça-feira, 6 de maio de 2014

A matemática de ver o copo meio cheio

Tenho-me debatido bastante com este tema. Escolher ver o copo meio cheio porquê? Se muitas vezes o resultado não é aquilo que queremos e muitas vezes até nem o merecemos?

Acredito que há uma variável importante na determinação do resultado que é a intenção com que fazemos as coisas, mas neste caso, vamos ser todos bem racionais e definir que o resultado não é definido pela nossa intenção.

Assim temos qualquer coisa do género:

Vamos lá então ser racionais e usar a cabecinha:

Assumindo que não temos qualquer controlo sobre o resultado se virmos o lado positivo temos 75% de hipóteses de momentos positivos na situação.

Se formos mais negativistas então temos a mesma probabilidade de momentos negativos 75%.

Não quero dizer com isto que vamos agora viver para o mundo dos corações e dos arco-iris e retirarmos a realidade à coisa. Mas escolher ver o lado positivo traz sem dúvidas mais vantagens para o nosso bem estar. Essa escolha treina-se todos os dias, mesmo quando parece que ela não existe.

Há situações limite em que a escolha é quase impossivel de se fazer, devido à nossa experiência de vida, contexto social, etc, mas nas coisas pequenas do dia a dia escolher ver o copo meio cheio é a escolha inteligente a fazer. Não é a única, nem uma é mais certa do que a outra, mas analisando o quadro novamente escolho a primeira sempre que conseguir fazê-lo.


E agora imaginem que o resultado depende da maneira como encaramos o desafio...


segunda-feira, 21 de abril de 2014

A religião e o Yoga

Antes de mais espero que tenham tido uma boa Páscoa. A Páscoa é uma altura de renovação e transformação e pessoalmente um dia em fámilia que  adoro.

Ao longo dos anos, vários alunos me perguntaram se a prática de yoga interferia com as suas práticas religiosas. Há uma crença associada ao Yoga como sendo obrigatoriamente Hindu ou Budista.(Ai se me ouvem a dizer que pode ser budista posso ter problemas (ou uns sobrolhos franzidos)).

Muito se discute acerca da origem do yoga, de quando na realidade começou, se é simplesmente apoiada nos Vedas (textos onde estão descritos alguns dos rituais praticados pelos Hindus e não só), ou se começou há 500 ou 100 anos com o Sri Krishnamacharya.

Grande parte das posturas de yoga que conhecemos hoje, são bastante recentes, mas como já sabemos Yoga é muito mais que Ásana (posturas).

Voltando ao tema da religião, a prática de yoga não tem de ter nada a ver com religião, logo há um total respeito pelos rituais e crenças de cada um.

Conheço professores de Yoga Muçulmanos, Cristãos, Hindus que entendem que o Yoga não é uma religião. Quanto muito é uma forma de nos aproximar de Deus, ou do Universo, ou de Alá, ou da nossa verdadeira natureza. O importante é respeitar a crença de cada um. O importante é levar esse respeito para o dia-a-dia, independentemente dos rituais que em acreditamos.

Tenho uma avó muito católica e que tenta trazer essa atitude para as interacções com os outros. Reza o terço diariamente, que é uma forma de focar a mente através da repetição e reza pelo melhor para os que estão próximos e para todo o mundo (a mim cheira-me a sankalpa, uma intenção perfeitamente altruísta). Para mim, alguém com aquela disciplina, um coração tão bom, uma mente aberta e que tenta melhorar-se a cada dia é uma verdadeira yogi.

A religião é uma liberdade de cada um e o Yoga ajuda-nos a perceber isso. Até se formos ateus


Love you

We are all one


terça-feira, 25 de março de 2014

Tapas, a arte de ser disciplinado



Nem tudo o que ouvimos dos "New Ageys" bate certo. Embora a expressão "segue o teu coração" soe bem, pode-nos facilmente levar pelo caminho da dispersão contínua. Não se ofendam com isto, porque seguir o coração pode ser facilmente usado como desculpa para fugir a uma série de situações que devemos enfrentar, e cabe-nos a nós e ao nosso bom senso determinar esse limite entre o que é disciplina e o que é fugir de uma situação.




Tapas é uma das palavras mais facilmente mal interpretadas. Não, não é daqueles aperitivos que se comem em Espanha, mas sim o processo de "criar calor ou queimar" (pelo menos na tradição Yóguica). Cada vez que esse processo acontece mais impurezas são removidas.



 Mas como é que este processo pode acontecer na mente? Se a mente anda sempre à procura do prazer, iremos sempre fugir ao processo que nos leva a enfrentar as situações menos agradáveis. Assim, é necessária a disciplina. 

Para muitos de nós a palavra disciplina é por si só assustadora, mas é fundamental se queremos manter um plano ou seguir um objectivo. 

A mente é de uma inconstância incrivel, experimentem observá-la durante 1 minuto. Começa a pensar na lista de compras, passa pela difculdade de arranjar um lugar de estacionamento no supermercado, e quando damos por ela já não quer lá ir e prefere mandar vir uma pizza, pizza essa que era mesmo boa em Itália... E o Berlusconi? 

Melhor que um Ferrari, passamos da lista de compras à política em 0,5 seg. Uma mente disciplinada, embora de inicio nos possa dar algum trabalho para domar, facilmente se torna calma e limpida e aí o Caos amaina.

Se entendemos que para perder uns quilinhos temos de fazer uma corrida, então porque é que não entendemos que a mente precisa do mesmo trabalho?

A disciplina é uma ajuda no processo da evolução espiritual, mas tortura não vale. Mantemos o objectivo em mente, mas sempre em ahimsa (não violência). Porque afinal violência connosco é um dos maiores obstáculos a ultrapassar.

Definimos um objectivo que seja razoável e seguimo-lo. Simples! E se a preguiça falar mais alto disfarçada de segue o teu coração, não a oiçam. Mantenham a mente tranquila e sigam com o vosso plano.

O meu vai ser estudar o Capitulo 3 da Guita até ao final do próximo dia 22 de Abril! Definam o vosso e sigam-no!!!

"Tapah Svaadhyaayesshvara pranidhaanaani Kriyaa Yogah", aceitar alguma dor como ajuda para a purificação, o estudo de livros espirituais e a rendição à verdade suprema constituem o Yoga na sua prática.

Set your intention and DO IT.

Love you

PS: vejam este artigo do blog Inesperado. Muito interessante!
http://inesperado.org/2014/03/11/minha-querida-disciplina/

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Alimentar o que é importante



A Bhagavad Gita fala-nos dos valores a alimentar na nossa vida como a verdade, a não violência, o desapego dos objectos dos sentidos ou a busca constante do conhecimento. Estes são alguns dos vinte valores universais. e até aqui está tudo certo, lemos estas palavras e fazem todo o sentido, e com o modo "Miss Mundo" ligado, entendemos que se todos os seguíssemos, o mundo era bem melhor e acabavam as guerras e tal.

Mas tal como no concurso das belezas mundiais, isto tudo é utópico até decidirmos pôr mãos à obra. E aqui não há como dar a volta ao texto, pomos nós em prática o melhor que sabemos e desligamos do que os outros fazem. Só assim podemos realmente mudar alguma coisa.

Imaginem que andam a trabalhar num maior despego dos objectos... E o que vão fazer ao fim de semana? Passear ao colombo para ver as montras e para a feira automóvel da FIL.

Alimentamos a mente e colocamo-nos em situações onde vamos fazer o oposto do valor que queremos alimentar. Com isto não quero dizer para banirem as Feiras Automóveis! Nada disso, cada coisa no seu lugar, mas se eu sei que tenho alguma tendência para me apegar a coisas, talvez possa pensar na história da semente: antes de se tornar numa árvore forte precisa sempre de cuidado e protecção. Só isso.

Quando sentirem que aquilo já não faz mossa, então força: passar domingos à tarde a ver ferraris...  Mas talvez aí esse assunto já não vos interesse!

Digamos que pudessem ter alguma tendência a dramas e vitimização... Se calhar contar com todos os promenores a discussão de ontem à noite, a todas as amigas e amigos, pode não ser boa ideia! Afinal cada vez que a contamos alimentamos esse lado que não queremos alimentar.

Se há alguém que não gostam e de quem querem distância, façam-no realmente... Não vale a pena indagar como quem não quer a coisa ou espreitar o facebook para saber o que anda a fazer! Poupem-se e alimentem aquilo que realmente interessa

Love you

PS: Não tenho nenhuma moralidade superior, nem sei as respostas... E dá trabalho, é uma luta diária para alimentar aquilo que realmente é importante e não cair nas armadilhas de sempre.. Até moksha continuamos na tentativa e erro!!!
Só espero que consiga continuar a alimentar o discernimento para perceber o que é real e o que não é

PSS: 5000 views do blog!!! Espectacular... lá se vai a equanimidade

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

a mania da perseguição..

Chamem-lhe insegurança, ou mania da perseguição, mas já perdi a conta às vezes em que gastei as minhas calorias mentais e pensar no que tinha feito ou deixado de fazer para alguém ter tido esta ou aquela atitude comigo.

Vamos lá pôr as coisas em pratos limpos e ser objectivos: o facto de alguém responder de maneira mais seca ou rápida pode não ter absolutamente nada a ver connosco. Imaginem a situação:
Vamos todos beber um café e a Maria (personagem fictícia prometo), começa a fazer cara feia para o João (outro nome para o ar) e até lhe responde qualquer coisa do género:

Maria- "Não preciso que me ajudes a comer este cheesecake de frutos silvestre"
João (em pensamento)- só pode estar muito chateada comigo, devo ter feito alguma coisa para ela não partilhar
Maria (em pensamento)- estou cheia de fome, LARGA o meu cheesecake

Resultado, o João não tinha feito absolutamente nada e a Maria só estava mesmo com fome, uma reacção básica a um instinto básico.

Tal como a fome, temos reacções básicas como o medo, que nada têm a ver com a pessoa a quem respondemos.

Há coisas que na realidade não são problema nosso. O João não precisa de ir para casa gastar o resto do  dia e das calorias mentais a rever vezes sem conta o que fez à Maria. JOÃO SÊ OBJECTIVO.. 


Se calhar não é problema teu... Ou se calhar podes perguntar à Maria se se passa alguma coisa, mas se no fim do dia e sabendo que não houve intenção de magoar a pessoa, ela reage dessa maneira, indaga e deixa ir... Não és responsável pela resolução dos problemas do mundo... Afinal a Maria só tinha fome e não era mesmo problema teu 

Love you

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O meu salva mentes...

Houve alguns momentos de viragem na minha vida. Um deles foi quando o caos mental era tão grande que a única coisa que pedia e por que rezava era Paz.

E a solução veio, a prática de yoga começou a transformar lentamente a maneira como me via e a permitir-me acalmar a mente.
O segundo momento foi o vedanta, um meio de conhecimento que me permite lidar com o mundo de maneira completamente diferente. E mais, permite-me usar a cabecinha para compreender, porque afinal a minha está aqui, é meia hiperactiva e de vez em quando arranja sarna para se coçar.

Assim o meu primeiro salvo mentes (momento Mitch Buchannon) foi o yoga,e sim tive de ir ao Google ver como se escrevia o nome desta mítica personagem, que tem umas pérolas de sabedoria impagáveis como por exemplo: " Gail and I spent our honey moon in Hawaii. Every time I see a volcano erupt, I think of her." (Eu e a Gail passámos a nossa lua de mel no Hawaii, Sempre que vejo a erupção de um vulcão penso nela). Mas sobre objectividade e subjectividade falamos noutro post.

Obrigada a todos os professores de yoga e vedanta que me ajudaram e continuam a ajudar a ver e acima de tudo a conhecer a minha natureza. Sem vocês a escuridão era bem maior

Love you


PS: Era demais resistir a pôr esta foto do Mitch
PSS: Não se ofendam por ter Baywatch e Yoga ou vedanta no mesmo post, afinal parece-me uma óptima série para nos mostrar o que é a ilusão de quem somos...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Analisar padrões e a terceira lei de Newton

Tenho a mania de analisar padrões na minha vida. Aliás grande parte do processo de reconhecimento e aprendizagem passa por isto. Acontece uma coisa.. (Pronto aconteceu) Acontece a segunda parecida num curto espaço de tempo... (Espera aí que há algo que eu não estou a ver) Acontece a Terceira (só mesmo se formos muito tapados é que não vemos que há algo a aprender por aqui).

A parte engraçada é que me costumam acontecer em grupos de 3, como se esta inteligência que gere a casa já soubesse: só com uma não vai lá... A mim cheira-me a lei do Karma.

Nestes últimos dias fiquei pendurada algumas vezes. À última da hora cancelaram tudo e mais alguma coisa, ou deixaram-me à espera 2 horas com aquela conversa do: "São só mais 10 minutos".
Escusado será dizer que não gostei. Mas por outro lado deixou-me a pensar: se a lei do karma bate sempre certo, então provavelmente estarei a fazer isto aos outros.

O Karma é a reacção óbvia às nossas acções: não me parece que ande aí um senhor a julgar e a castigar (a que uns chamam Deus, outros Ishvara ou universo).

Assim, a minha intenção para os próximos tempos é esta: cumprir à risca tudo o que me proponho. Não por causa da lei do karma que vem e dá de volta, mas porque não gostei nada de estar neste lado. Não é justo.


 Cumprimos não por medo do que possa acontecer mas por percebermos as consequências das nossas acções.

Terceira Lei de Newton: A toda a acção opõe sempre uma igual reacção

Então se na vida aparecem padrões, observamos e analisamos se em algum momento actuámos de alguma maneira que pudesse provocar esta reacção.

Na volta podemos sempre "culpar" os outros e escolher não aprender nada. É uma escolha

Love you

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Ser racional é assim tão mau?

Com todas estas novas tendências "New Age", a disciplina e a mente passaram a ser um bicho a eliminar na nossa vida. Frases como "Segue o coração" e "Tu és luz" começaram a ser difundidas como a única verdade e até parece que os que têm uma personalidade mais racional (como alguém que eu conheço) têm um problema sério a resolver.

Pois bem meus amigos, não há absolutamente nada de errado connosco se achamos isso tudo um bocadinho demais do que a conta. Nem tanto ao mar nem tanto à terra.
Se há alguma coisa que tenho vindo a aprender é que todos temos a nossa personalidade e a maneira de reconhecermos a nossa natureza não é só uma.

Para os mais racionais, utilizamos mais a mente. Utilizamo-la para compreender a nossa natureza, para aceitar quem somos. Se a disciplina faz parte de nós então utilizemo-la para experienciar a vida de forma plena e consciente.

Se por outro lado somos mais emocionais, então trabalhamos também para equilibrar esse lado. Demasiada emoção e acima de tudo a identificação permanente com as emoções são uma montanha russa permanente de alegria e sofrimento que também em nada ajudam a viver a realidade e a resolver os obstáculos da vida.

Assim, nem 8 nem 80. A solução está no equilibrio. Na quantidade certa de força e flexibilidade, de seguir o coração e usar a mente, e acima de tudo de sabermos que somos parte do todo mas com os pés na terra.

Temos muito tempo para viver só lá em cima. Aqui temos um corpo, uma mente e uma consciência que são para ser integrados e usados a todo o momento.

Na realidade não há absolutamente nada de errado connosco, o problema é acharmos que há. Mas também só pensando que temos um problema é que tentamos chegar à solução. No meio o conhecimento acontece.

Love you

Mafalda